22 abril, 2009

A longa agonia do neoliberalismo e sua crise terminal

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/a-longa-agonia-do-neoliberalismo/

A longa agonia do neoliberalismo e sua crise terminal
 
 
por 
André Luís Forti Scherer


A marcha triunfante da idéias liberais, que se inicia ao final da década de 1970, teve seu auge na primeira metade dos anos 1990.  A idéia afirmada por Thatcher de que não havia alternativa frente ao desmanche do Estado havia percorrido o mundo e se afirmado não apenas nos EUA e na Inglaterra, mas também na construção da União Européia, no Japão e em países periféricos da América Latina, incluindo México, Uruguai, Argentina e Brasil.
 
 
A privatização dos serviços públicos abriu novas áreas de acumulação ao capital e a globalização financeira integrou os mercados mundiais de modo instável. As empresas multinacionais passaram a ter como objetivo a "criação do valor para o acionista" e, ao mesmo tempo em que expandiram suas atividades pela aquisição de empresas ao redor do mundo, concentraram mercados e reduziram investimentos "produtivos".

O crescimento da produtividade não foi acompanhado pelo crescimento dos salários, mas o consumo manteve-se elevado pela expansão das atividades financeiras e as novas formas de crédito que se tornaram disponíveis. Em termos da luta de classes, tratava-se do "crime perfeito": o que não se pagava em salários compensava-se em oportunidades de endividamento, ou seja, os credores – os mais ricos dentre os ricos – reforçavam sua riqueza enquanto uma economia liderada pelo consumo podia prosseguir em trajetória de crescimento. Não é de espantar que a renda dos 30.000 indivíduos mais ricos dos EUA tenha crescido quase cinco vezes entre 1983 e 2004, ao mesmo tempo em que o 1% mais rico da população abocanhava cerca de 20% da renda do país. Obviamente, entre 1974 e 2004 a renda dos 20% mais pobres cresceu apenas 2,8% nos EUA. Esse é o resultado da luta de classes empreendida pela alta burguesia daquele país e consusbstanciada no neoliberalismo, expresso em números.

Na Ásia o neoliberalismo também havia feitos progressos, embora as resistências fossem mais efetivas.  E é naquele continente que vai se localizar o grande abalo na hegemonia neoliberal. A crise "contagiosa" de 1997 que sacudiu Tailândia, Coréia, Malásia, Filipinas e Indonésia desnudou a fragilidade e os riscos dos fluxos financeiros internacionais, deixou perplexos os mandatários mundiais – a região era o exemplo dos efeitos positivos da globalização – e teve dois desdobramentos essenciais.

O primeiro, ideológico, deu substância às resistências que derrotaram o Acordo Multilateral de Investimentos proposto pela OCDE e que liberalizaria a internacionalização dos serviços (educação, saúde) no mundo. Ao mesmo tempo, essa derrota forjou a unidade das lutas face
à globalização financeira e a busca de alternativas que se consubstanciaram no Fórum Social Mundial. Em grande parte, esses movimentos não teriam a amplitude que tiveram sem o exemplo da crise asiática como suporte.

O segundo, econômico, colocou a China em posição central naquele continente. O governo chinês, ao manter a taxa de câmbio de sua moeda, foi essencial para estancar a crise e permitir a estabilização das moedas dos países vizinhos. Isso tanto estreitou suas relações com os EUA quanto permitiu a integração da produção continental tendo por centro a China. O deslocamento da produção ocidental em direção à China intensificou-se, e as compras chinesas de máquinas e insumos industriais de seus vizinhos também, tendo os EUA como destino final de grande parte da produção. Esse movimento deu um papel produtivo à "periferia esquecida" do mundo capitalista dominado pelas finanças: a América Latina e a África, a partir de 2002, passaram a fornecer mais intensamente matérias-primas ao gigante chinês – a periferia mundial atrela-se a um centro regional, mas periférico frente á EUA, Europa e Japão –, ao mesmo tempo em que os preços dos produtos primários dispararam. A globalização produtiva tornou-se "global" e os países da periferia puderam solucionar seus problemas de falta de divisas e elevarem suas taxas de crescimento.

A nova força da China como elemento central da globalização capitalista introduziu um corpo estranho ao esquema de ajustes preconizado pelo neoliberalismo. A China manteve sua taxa de câmbio fixa frente ao dólar, mesmo enquanto acumulava elevadas reservas naquela moeda, ou seja, não valorizava sua moeda frente ao dólar conforme os ditames do neoliberalismo. Os demais países da região, fornecedores da China, escaldados pela crise anterior, também optaram pela elevação de suas reservas e um câmbio desvalorizado. Enquanto isso, os EUA aprofundavam seu endividamento frente a esses países e relançavam sua economia com base no setor imobiliário e baixíssimas taxas de juros. A renda das famílias era complementada pelo crédito concedido com base no avanço dos preços dos imóveis. Para impedir o rápido desinflar dessa "bolha", os empréstimos concedidos passaram a embutir cada vez menores garantias e pagamentos iniciais mais baixos.

Entretanto, a inevitável queda nos preços dos imóveis iniciou-se ainda em 2005. Dado o volume e as características dos créditos concedidos, bem como sua importância para o crescimento do consumo nos EUA naquele período, tornou-se evidente que essa crise tomaria proporções gigantescas.

Em agosto de 2007, a crise emanada da crescente inadimplência nos pagamentos das hipotecas atingiu fortemente o setor financeiro dos EUA e da Europa. Essa não é apenas uma das crises da globalização financeira. Essa é "A" crise da globalização financeira e, portanto, a crise terminal do neoliberalismo. Trata-se de uma crise sistêmica (ao envolver bancos, bancos de investimento, agentes financeiros não-bancários, agências de classificação de risco) que acaba por perturbar de modo definitivo a ordem institucional criada a partir dos anos 1980.
 
 
Os fundamentos ideológicos da não-intervenção estatal e da regulação econômica pelo mercado estão sendo desmentidos todos os dias, na prática, pelos fatos e pelos atos dos governos que tentam evitar uma catástrofe que tem potencial para levar o mundo capitalista a uma depressão ainda pior que àquela de 1930. Ou seja, ainda que as conseqüências da crise em termos econômicos, dada a resposta dos governos – em especial do Banco Central dos EUA, o FED – não seja tão terrível quanto à experiência anterior (o que é duvidoso), a perda de legitimidade ideológica das "soluções de mercado" é um fato sem retorno. Parafraseando Thatcher 30 anos depois, "no livre mercado não há alternativa".

Outra das características da atual crise financeira é sua lentidão. Por isso, somos tentados a perceber pela apresentação midiática dos fatos – fragmentada, parcial e reduzida – que não há nada de muito importante acontecendo nesse front. Não devemos esquecer que a mesma mídia nos dizia há uma no tratar-se de uma crise imobiliária de pequenas proporções localizada nos EUA. Um evento passageiro. Hoje, não é mais possível tratá-la dessa forma, afinal, passado um ano a situação apenas se agravou. Mas há agora um esforço para localizá-la "apenas" no sistema financeiro, como se o crescimento e o emprego fossem somente fracamente afetados. Realmente, a progressão da crise é lenta, dada a reação do Estado, mas é inexorável.

O FED tem socializado os prejuízos trocando títulos podres por títulos do tesouro com os bancos comerciais e de investimentos mais afetados, mas isso apenas impede que o pior aconteça o mais rápido. Ganham tempo, mas não solucionam. Há uma "estatização branca" de grande parte do sistema financeiro norte-americano, mas seu tamanho vem encolhendo. Ao mesmo tempo, o consumo vem caindo (as vendas de automóveis estão nesse agosto cerca de 20% menores do que em agosto de 2007) e o desemprego aumentando (as médias de pedidos semanais de seguro-desemprego situam-se hoje em 440.000, contra cerca de 320.000 um ano antes, ou seja, praticamente uma elevação de praticamente 1/3 no volume de demissões). Estima-se que a dívida pública aumente em US$ 1 trilhão de dólares em 2009, o que faz com que os futuros cortes de impostos sejam apenas promessas de campanha de Obama e McCain.

O problema não é apenas norte-americano. A Europa tem apresentado queda abrupta em seu crescimento econômico, com os indicadores de atividade entrando em território negativo no segundo semestre de 2009. O mesmo ocorre com a economia japonesa. Há  desaceleração econômica na China, embora as margens de manobra – possibilidades de intervenção do Estado – estejam presentes para esse país, crucial na determinação da escala geográfica e da intensidade do crescimento econômico mundial. Os fluxos financeiros globais, pouco a pouco, começam a secar e os preços das matérias-primas, a fraquejar. O dinamismo econômico do período 2002-2007 dependeu do desempenho do duo EUA-China. Essa possibilidade está rompida para um futuro imediato. Será a China capaz de solitariamente dinamizar a economia mundial e com isso garantir a demanda – e a solvência – dos países da periferia (como o Brasil, por exemplo)?  Sem a internacionalização de sua moeda, processo impossível no curto prazo, uma estratégia desse tipo teria pernas muito curtas, embora essa seja uma das grandes questões que se apresentam para o futuro.

Em resumo, o fracasso do neoliberalismo é ideológico e econômico. A burguesia dos EUA busca os culpados pelo fracasso, e fala em "irresponsabilidade na construção de uma pirâmide insustentável de dívidas".
 
A crise da hegemonia norte-americana e o retorno do Estado

Esta crise do neoliberalismo trás consigo o espectro do final da hegemonia norte-americana.  A questão é controversa, mas parece estar se formando um consenso de que também na geopolítica as mudanças são iminentes e inexoráveis, embora lentas.

A incompetência da administração W. Bush, que transformou o ataque às torres gêmeas em ódio mundial aos EUA, não pode ser minimizada para esse resultado. A derrota no Iraque e os esforços ali despendidos reduzem o medo de atuação de desafiantes em busca da consolidação de seu poder regional, como bem mostra o recente conflito entre a Rússia e a Geórgia, o qual teve seu desfecho independente do eventual apoio dos EUA aos georgianos.

Mas, temos mais: o desleixo norte-americano para com seus pares e sua crescente fraqueza econômica resultou na completa desorganização institucional das relações entre os países. A ONU e o G7 (ou G8), importantes para a "governança" hegemônica dos EUA nos anos 1980 e 1990, estão completamente sem autoridade e sem liderança, respectivamente.

A emergência da China e da globalização "global" trouxe resultados que colocaram em xeque a liderança inconteste dos EUA, ao oferecerem alternativas de escape face aos interesses patrocinados pelos norte-americanos. O aumento do preço do petróleo e a transferência da produção industrial para a China fizeram com que os principais credores dos Estados Unidos sejam seus "inimigos potenciais" (potências petrolíferas árabes, Venezuela, China e Rússia). As exceções são a Coréia do Sul e o Japão, países que têm sido solicitados a colaborar, sem muito sucesso, com a injeção de recursos no combalido sistema financeiro norte-americano.

Essa crise de hegemonia geopolítica aliada à crise financeira coloca a questão quanto ao fim do ciclo de dominação inconteste do dólar, revigorado com a elevação dos juros em 1979. Os países credores – China e Japão, em particular –, têm utilizado seu potencial de desestabilização do dólar como forma de vetar certas decisões de política econômica dos EUA com uma audácia crescente e de forma cada vez menos velada. O problema é que o dólar não possui rival à altura no atual sistema monetário internacional. Trata-se de um jogo no qual o dólar tem ganho por WO e que, em caso de uma contestação mais acirrada, pode resultar no fortalecimento de moedas com áreas de influência regionais, com fortes potenciais desestabilizadores para os fluxos de comércio e de investimentos multinacionais tais quais se apresentaram nas últimas três décadas.

Entretanto, temos que entender que a hegemonia dos EUA está enfraquecida, mas não acabada. E aqui reside um dos principais perigos da atual conjuntura: que reação tomarão os EUA frente à evidência cada vez mais clara do declínio de seu poderio? Adotarão uma postura negociadora (em que fórum?) ou procurarão desesperadamente retomar o poder inconteste do passado? São questões que estão jogo nas eleições norte-americanas, ainda que as propostas não sejam totalmente claras a esse respeito. Mas, os eleitos deverão se confrontar inevitavelmente com essas questões. Uma pista dessa reação está presente nos recentes investimentos da marinha norte-americana, os quais incluem a reativação da IV Frota. Em um mundo onde os recursos naturais e energéticos ganham importância, sendo essa uma das fraquezas da China, torna-se crucial controlar os mares e ganhar poder barganha sobre o fluxo de mercadorias. A ironia é que na tão decantada "era da informação e do conhecimento" o poder talvez ainda venha a tomar forma no antiquado controle do comércio marítimo.

Nesse texto, antes de apontar uma resultante precisa face a tantas incertezas envolvidas, busca-se sobretudo mostrar que as mudanças na economia e na geopolítica mundial já se encontram em processo e que o mundo não voltará a tomar a mesma forma que tinha nos anos 1990.
 
 
Apesar da complexidade do processo em curso, uma questão parece já ser possível de apontar com clareza:
o Estado voltará a ter um papel proeminente e direto na regulação econômica e social. Os países desenvolvidos têm seus sistemas financeiros sendo parcialmente estatizados, os déficits fiscais serão crescentes, bem como os impostos. Mas, o mais importante é o fracasso do neoliberalismo.  Os membros da coletividade irão exigir dos governantes uma atuação de modo a que as fraudes e a ganância que marcaram a atual crise não se repitam, bem como a punição daqueles que possam ser considerados culpados, e os executivos da alta-finança internacional encontram-se dentre os principais candidatos ao papel. A idéia de que o Estado é mais ineficiente do que a iniciativa privada será contraposta à dura realidade da crise causada pela incompetência privada e a falta de efetivo controle estatal.

Também não devemos esquecer a imagem de sucesso mundial que tem a economia chinesa – e que deve se multiplicar com o papel crucial que esse país terá de desempenhar para evitar uma catástrofe econômica de proporções inéditas –, imagem essa "mundializada" como nunca com o espetacular sucesso daquele país na recente organização das últimas Olimpíadas. Apesar de divergências evidentes com o modelo político chinês e sua falta de liberdade política, não devemos confundir as coisas: a presença do Estado na condução econômica e na sociedade chinesa é de natureza radicalmente oposta ao neoliberalismo que reinou nos EUA e no Brasil!

No imaginário social, isso abre uma oportunidade que a esquerda não tinha havia muitos anos: quando nos chamarem de comunistas/socialistas ou estatistas (antigos sinônimos do antigo ou incompetente), basta contrapor o fracasso norte-americano ao sucesso chinês!
 
O liberalismo é a causa do fracasso do mundo desenvolvido. Quem defender a causa do liberalismo nesse momento estará politicamente morto, se não imediatamente, em prazo muito curto. Esse é o momento de reafirmarmos que somos a favor da presença do Estado, que somos a favor da regulação forte, que somos a favor da intervenção forte e que somos a favor dos agentes do Estado.


Uma pequena amostra do que está por vir quanto ao fortalecimento da presença do Estado: quem imaginaria, em um país como a Argentina, a reestatização das Aerolineas Argentinas depois do vendaval neoliberal que varreu aquele país no início dos anos 1990?
E, mesmo em um país como o Brasil, quem imaginaria o governo Lula discutindo a criação de uma estatal para gerir os potenciais recursos do petróleo pré-sal, tendo antes sido aventada a criação de uma "Biobrás" estatal para fortalecer as pesquisas com biocombustíveis? 
 
Esses exemplos não são acaso e sim resultados do novo momento internacional, do fim do fundamentalismo de mercado, da falência econômica e ideológica do neoliberalismo. Obviamente, nesse novo contexto ideológico que se anuncia, a privatização desenfreada dos serviços de saúde, segurança e educação será posta em xeque.

Demorou, mas o mundo mudou. É nossa obrigação anunciar a boa nova. Afinal, por qual motivo deixaremos ventos tão favoráveis às nossas idéias servirem aos nossos inimigos?  Por quê? Por falta de coragem, de audácia e de imaginação? 

André Luís Forti Scherer, é professor da FACE/PUCRS e Economista da Fundação de Economia e Estatística do Estado do Rio Grande do Sul



19 agosto, 2008

Material para download

Abaixo disponibilizo algum material sobre os conteúdos que foram trabalhados até agora.
para fazer o download basta clicar no link.

Noções de cartografia.pdf
Aplicacoes de escala.pdf
exercicios cartografia com gabarito.pdf

Elementos de geologia.pdf
exercicios Elementos de Geologia com gabarito.pdf

conceitos de população.pdf
Klickeducação - população.pdf
exercicios dinâmicas de população com gabarito.pdf

Para abrir os arquivos é necessário ter instalado no computador o Adobe Acrobat reader ou o Foxit Pdf Reader. Recomendo o usar o Foxit que pode ser baixado aqui




28 julho, 2008

Noções de Cartografia

Noções de Cartografia
O vocábulo CARTOGRAFIA, etmologicamente - descrição de cartas, foi introduzido em 1839, pelo segundo Visconde de Santarém - Manoel Francisco de Barros e Souza de Mesquita de Macedo Leitão, (1791 - 1856). A despeito de seu significado etmológico, a sua concepção inicial continha a idéia do traçado de mapas. No primeiro estágio da evolução o vocábulo passou a significar a arte do traçado de mapas, para em seguida, conter a ciência, a técnica e a arte de representar a superfície terrestre. Em 1949 a Organização das Nações Unidas já reconhecia a importância da Cartografia através da seguinte assertiva:

"CARTOGRAFIA - no sentido lato da palavra não é apenas uma das ferramentas básicas do desenvolvimento econômico, mas é a primeira ferramenta a ser usada antes que outras ferramentas possam ser postas em trabalho."(1)
(1) ONU, Departament of Social Affair. MODERN CARTOGRAPHY - BASE MAPS FOR WORLDS NEEDS. Lake
Success.

Ou ainda

A Cartografia apresenta-se como o conjunto de estudos e operações científicas, técnicas e artísticas que, tendo por base os resultados de observações diretas ou da análise de documentação, se voltam para a elaboração de mapas, cartas e outras formas de expressão ou representação de objetos, elementos, fenômenos e ambientes físicos e sócio-econômicos, bem como a sua utilização."
1966 Associação Cartográfica Internacional (ACI),

Forma da terra
Pitágoras em 528 A.C. introduziu o conceito de forma esférica para o planeta, e a partir daí sucessivas teorias foram desenvolvidas até alcançarmos o conceito que é hoje bem aceito no meio científico internacional.

A superfície terrestre sofre frequentes alterações devido a natureza (movimentos tectônicos, condições climáticas, erosão, etc.) e à ação do homem, portanto, não serve para definir forma sistemática da Terra.
A fim de simplificar o cálculo de coordenadas da superfície terrestre foram adotadas algumas superfícies matemáticas simples. Uma primeira aproximação é a esfera achatada nos pólos.

GEÓIDE - CARL FRIEDRICH GAUSS (1777-1855),
corresponde à superfície do nível médio do mar homogêneo (ausência de correntezas, ventos, variação de densidade da água, etc.) supostamente prolongado por sob continentes. Essa superfície se deve, principalmente, às forças de atração (gravidade) e força centrífuga (rotação da Terra). È importante destacar que o geóide possui o mesmo potencial gravimétrico em todos os pontos de sua superfície visto que as águas do oceano procuram uma situação de equilíbrio, ajustando-se às forças que atuam sobre elas,



Figura 1.1

Ainda assim foi preciso buscar um modelo mais simples para representar o nosso planeta. Para contornar o problema lançou-se mão de uma Figura geométrica chamada ELIPSE que ao girar em torno do seu eixo menor forma um volume, o ELIPSÓIDE DE REVOLUÇÃO, Em geral, cada país ou grupo de países adotou um elipsóide como referência para os trabalhos geodésicos e topográficos, que mais se aproximasse do geóide na região considerada.
A forma e tamanho de um elipsóide, bem como sua posição relativa ao geóide define um sistema geodésico (também designado por datum geodésico). No caso brasileiro adota-se o Sistema Geodésico Sul Americano - SAD 69.

GEODÉSIA - "Ciência aplicada que estuda a forma, as dimensões e o campo de gravidade da Terra".
:


TIPOS DE REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA

Por traço:
:
GLOBO - representação cartográfica sobre uma superfície esférica, em escala pequena, dos aspectos naturais e artificiais de uma Figura planetária, com finalidade cultural e ilustrativa.

MAPA (Características): -representação plana; -geralmente em escala pequena; -área delimitada por acidentes naturais (bacias, planaltos, chapadas, etc.), político-administrativos; -destinação a fins temáticos, culturais ou ilustrativos.
" Mapa é a representação no plano, normalmente em escala pequena, dos aspectos geográficos, naturais, culturais e artificiais de uma área tomada na superfície de uma Figura planetária, delimitada por elementos físicos, políticoadministrativos, destinada aos mais variados usos, temáticos, culturais e
ilustrativos."

CARTA (Características): -representação plana; -escala média ou grande; -desdobramento em folhas articuladas de maneira sistemática; -limites das folhas constituídos por linhas convencionais, destinada à avaliação precisa de direções, distâncias e localização de pontos, áreas e detalhes.

" Carta é a representação no plano, em escala média ou grande, dos aspectos artificiais e naturais de uma área tomada de uma superfície planetária, subdividida em folhas delimitadas por linhas convencionais - paralelos e meridianos - com a finalidade de possibilitar a avaliação de pormenores, com grau de precisão compatível com a escala."

PLANTA - a planta é um caso particular de carta. A representação se restringe a uma área muito limitada e a escala é grande, consequentemente o nº de detalhes é bem maior.

“Carta que representa uma área de extensão suficientemente restrita para que a sua curvatura não precise ser levada em consideração, e que, em consequência, a escala possa ser considerada constante.”

Por imagem:

MOSAICO - é o conjunto de fotos de uma determinada área, recortadas e montadas técnica e artísticamente, de forma a dar a impressão de que todo o conjunto é uma única fotografia.
FOTOCARTA - é um mosaico controlado, sobre o qual é realizado um tratamento cartográfico planimétrico).
ORTOFOTOCARTA - é uma ortofotografia - fotografia resultante da transformação de uma foto original, que é uma perspectiva central do terreno, em uma projeção ortogonal sobre um plano - complementada por símbolos, linhas e georeferenciada, com ou sem legenda, podendo conter informações planimétricas.
ORTOFOTOMAPA - é o conjunto de várias ortofotocartas adjacentes de uma determinada região.
FOTOÍNDICE - montagem por superposição das fotografias, geralmente em escala reduzida. É a primeira imagem cartográfica da região. O fotoíndice é insumo necessário para controle de qualidade de aerolevantamentos utilizados na produção de cartas através do método fotogramétrico. Normalmente a escala do fotoíndice é reduzida de 3 a 4 vezes em relação a escala de vôo.
CARTA IMAGEM - Imagem referenciada a partir de pontos identificáveis e com coordenadas conhecidas, superposta por reticulado da projeção, podendo conter simbologia e toponímia.

ESCALA:

Uma carta ou mapa é a representação dos detalhes naturais( morros, serras, planícies, vegetação, etc) ou artificiais ( cidades, represas, estradas,etc) da superfície topográfica e só estará completa se trouxer esses elementos devidamente representados.

Essa representação gera então dois problemas:
1- A necessidade de reduzir as proporções dos acidentes à representar, a fim de tornar possível a representação dos mesmos em um espaço limitado. Essa proporção é chamada de ESCALA

2- Determinados acidentes, dependendo da escala, não permitem uma redução acentuada, pois tornar-se-iam imperceptíveis, no entanto são acidentes que por usa importância devem ser representados nos documentos cartográficos. A solução é a utilização de símbolos cartográficos.

Definição: Escala é a relação entre a medida de um objeto ou lugar representado no papel e sua medida real.
Distancia real = distancia no mapa x escala

Escala Grande(grande nível de detalhe, pouca área): que possuem escala superior 1:100.000 (plantas comuns e cadastrais);
Escala Média: que possuem escala entre 1: 100.000 e 1:500.000 (cartas topográficas);
Escala Pequena(pequeno nível de detalhe, grande área): que possuem escala inferior à 1: 500.000 (mapas de estados, mundo)

Lembre-se que matematicamente falando1/100 é maior que 1/1.000.000

Os mapas com escala pequena(1:1.000.000) tem o nível de detalhamento menor, porém abrangem maior área. Os mapas com escala grande(1:50.000) tem o nível detalhamento maior, porém abrangem menor área.


Escala numérica:


Significa que 1 unidade no mapa equivale a 25000 unidades na realidade.
1cm no mapa , equivale a 25000 cm ou 1m no mapa, equivale a 25000 m na realidade.

Escala gráfica:

É a representação gráfica de várias distâncias do terreno sobre uma linha reta graduada. A Escala Gráfica nos permite realizar as transformações de dimensões gráficas em dimensões reais sem efetuarmos cálculos.


Curvas de Nível:

Em uma carta topográfica, uma curva de nível caracteriza-se como uma linha que une todos os pontos de igual altitude em uma dada região representada. São associadas a valores de altitude em metros (m) e devem ser sempre eqüidistantes verticalmente.
Portanto, a curva de nível serve para identificar e unir todos os pontos de igual altitude de um certo lugar.





As curvas de nível nos permitem determinar sentidos de rios, locais íngremes ou suaves no terreno entre
outras utilidades. As curvas de nível são chamadas também de isoípsas, no entanto este recurso gráfico também pode ser utilizado para representar outras grandezas físicas como temperatura (isoterma), profundidade(isobata) pressão atmosférica (isobaras), precipitação (isoetas), etc...

SISTEMAS DE COORDENADAS



É um conjunto de linhas imaginárias (paralelos e meridianos) que traçados sobre a esfera terrestre nos dão medidas de latitude e longitude de um ponto qualquer na superfície terrestre.


Meridianos: são semicírculos de 180o traçados na direção Norte-Sul. Todos os meridianos são semicírculos máximos e dividem a Terra em dois hemisférios: Leste e Oeste.





Paralelos: são linhas circulares (que dão a volta na
Terra) somando 360o. O equador é um círculo máximo, pois passa pelo centro da Terra, já os outros são círculos menores ou mínimos (traçados paralelamente ao Equador). Dividem a Terra em dois hemisférios: Norte e Sul.









Longitude: A longitude (de um ponto) é a distância em graus de um ponto qualquer da superfície terrestre até o meridiano de Greenwich. O meridiano de Greenwich – 0o de longitude – onde inicia-se a contagem indo até 180o.


Latitude: A latitude (de um ponto) é a distância em graus de um ponto qualquer da superfície terrestre até a linha do Equador. O Equador é o circulo máximo – 0o de latitude – onde inicia-se a contagem indo até os pólos nos quais a latitude é igual a 90o.


PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS

Os sistemas de projeções cartográficas foram desenvolvidos para dar uma solução ao problema da transferência de uma imagem da superfície curva (elíptica) da esfera terrestre para um plano da carta, o que sempre vai acarretar deformações. A única maneira fidedigna de representá-la é o globo terrestre, mas não é uma forma prática para manuseio e transporte de um lado para outro
Portanto não há uma solução perfeita para o problema, visto que sempre haverá distorções e deformações em um mapa qualquer que seja a projeção adotada.

As projeções cartográficas podem assim ser classificadas:


Quanto à superfície de projeção:
Planas (AZIMUTAIS)
Cônicas
Cilíndricas
Poli-superficiais

Quanto à superfície de projeção:

Quanto às propriedades
Equidistantes
Conformes
Equivalentes
Afiláticas

a) Planas - este tipo de superfície pode assumir três posições básicas em relação a superfície de referência: polar, equatorial e oblíqua (ou horizontal) .
b) Cônicas - embora esta não seja uma superfície plana, já que a superfície de projeção é o cone, ela pode ser desenvolvida em um plano sem que haja distorções e funciona como superfície auxiliar na obtenção de uma representação. A sua posição em relação à superfície de referência pode ser: normal, transversal e oblíqua (ou horizontal)
c) Cilíndricas - tal qual a superfície cônica, a superfície de projeção que utiliza o cilindro pode ser desenvolvida em um plano (Figura 2.5) e suas possíveis posições em relação a superfície de referência podem ser: equatorial, transversal e oblíqua (ou horizontal).
d) Poli-Superficiais - se caracterizam pelo emprego de mais do que uma superfície de projeção (do mesmo tipo) para aumentar o contato com a superfície de referência e, portanto, diminuir as deformações (plano-poliédrica ; cone-policônica ; cilindropolicilíndrica).







Ainda quanto à superfície de projeção, podemos classificar as projeções como sendo:
a) normais – eixo do cone paralelo ao
eixo da Terra;
equatoriais – eixo do cilindro paralelo
ao eixo da Terra;
b)transversas – eixo do cone perpendicular ao eixo da Terra;
transversas ou meridianas – eixo do
cilindro perpendicular ao eixo da
Terra;
c)horizontais ou oblíquas – eixo do cone ou cilindro inclinado em relação ao
eixo da Terra.






QUANTO ÀS PROPRIEDADES QUE CONSERVAM

Na impossibilidade de se desenvolver uma superfície esférica ou elipsóidica sobre um plano sem deformações, na prática, buscam-se projeções tais que permitam diminuir ou eliminar parte das deformações conforme a aplicação desejada. Assim, destacam-se:
a) Eqüidistantes (comprimentos) - As que não apresentam deformações lineares para algumas linhas em especial, isto é, os comprimentos são representados em escala uniforme.
b) Conformes(ângulos) - Representam sem deformação, todos os ângulos em torno de quaisquer pontos, e decorrentes dessa propriedade, não deformam pequenas regiões.
c) Equivalentes (áreas) - Têm a propriedade de não alterarem as áreas, conservando assim, uma relação constante com as suas correspondentes na superfície da Terra. Seja qual for a porção representada num mapa, ela conserva a mesma relação com a área de todo o mapa.
d) Afiláticas - Não possui nenhuma das propriedades dos outros tipos, isto é, equivalência, conformidade e equidistância, ou seja, as projeções em que as áreas, os ângulos e os comprimentos não são conservados.
As propriedades acima descritas são básicas e mutuamente exclusivas. Elas ressaltam mais uma vez que não existe uma representação ideal, mas apenas a melhor representação para um determinado propósito. Ex. projeção gnomônica,

Podemos ainda classificar as projeções de acordo com o ponto de vista do observador:



a) gnomônica – ponto de vista no
centro da Terra;
b) estereográfica – ponto de vista
na superfície da Terra;
c) ortográfica – ponto de vista no infinito.



Exemplos de projeções

PROJEÇÃO CILÍNDRICA TRANSVERSA DE MERCATOR (Secante)
- Cilíndrica.
- Conforme.
- Secante.
- Só o Meridiano Central e o Equador são linhas retas.
- Projeção utilizada no SISTEMA UTM - Universal Transversa de Mercator desenvolvido durante a 2ª Guerra Mundial. Este sistema é em essência, uma modificação da Projeção Cilíndrica Transversa de Mercator.
- Aplicações: Utilizado na produção das cartas topográficas do Sistema
Cartográfico Nacional produzidas pelo IBGE e DSG.

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO SISTEMA UTM:
1) O mundo é dividido em 60 fusos, onde cada um se estende por 6º de longitude. Os fusos são numerados de um a sessenta começando no fuso 180º a 174º W Gr. E continuando para este. Cada um destes fusos é gerado a partir de uma rotação do cilindro de forma que o meridiano de tangência divide o fuso em duas partes iguais de 3º de amplitude.
4) A cada fuso associamos um sistema cartesiano métrico de referência, atribuindo à origem do sistema (interseção da linha do Equador com o meridiano central) as coordenadas 500.000 m, para contagem de coordenadas ao longo do Equador, e 10.000.000 m ou 0 (zero) m, para contagem de coordenadas ao longo do meridiano central, para os hemisfério sul e norte respectivamente. Isto elimina a possibilidade de ocorrência de valores negativos de coordenadas.
5) Cada fuso deve ser prolongado até 30' sobre os fusos adjacentes criando-se assim uma área de superposição de 1º de largura. Esta área de superposição serve para facilitar o trabalho de campo em certas atividades.
6) O sistema UTM é usado entre as latitudes 84º N e 80º S.
Além desses paralelos a projeção adotada mundialmente é a Estereográfica Polar
Universal.
- Aplicações: Indicada para regiões de predominância na extensão Norte-Sul entretanto mesmo na representação de áreas de grande longitude poderá ser utilizada. É a mais indicada para o mapeamento topográfico a grande escala, e é o Sistema de Projeção adotado para o Mapeamento Sistemático Brasileiro.




Projeção de Mercator
Nesta projeção os meridianos e os paralelos são linhas retas que se cortam em ângulos retos. Corresponde a um tipo cilíndrico pouco modificado. Nela as regiões polares aparecem muito exageradas.
Projeções de Mercator ou Cilíndrica Equatorial.
Projeção de Peters
Outra projeção muito utilizada para planisférios é a de Arno Peters, que data de 1973. Sua base também é cilíndrica equivalente, e determina uma distribuição dos paralelos com intervalos decrescentes desde o Equador até os pólos, como podemos observar no mapa a seguir:


Projeção ortográfica
Ela nos apresenta um hemisfério como se o víssemos a grande distância. Os paralelos mantêm seu paralelismo e os meridianos passam pelos pólos, como ocorre na esfera. As terras próximas ao Equador aparecem com forma e áreas corretas, mas os pólos apresentam maior deformação.


Projeção cônica
Nesta projeção os meridianos convergem para os pólos e os paralelos são arcos concêntricos situados a igual distância uns dos outros. São utilizados para mapas de países de latitudes médias.


Projeção de Mollweide
Nesta projeção os paralelos são linhas retas e os meridianos, linhas curvas. Sua área é proporcional à da esfera terrestre, tendo a forma elíptica. As zonas centrais apresentam grande exatidão, tanto em área como em configuração, mas as extremidades apresentam grandes distorções


Projeção de Goode, que modifica a de Moolweide
É uma projeção descontínua, pois tenta eliminar várias áreas oceânicas. Goode coloca os meridianos centrais da projeção correspondendo aos meridianos quase centrais dos continentes para lograr maior exatidão.


Projeção Azimutal

30 julho, 2007

29 julho, 2007

Diferença entre Orogênese e Epirogênese

Orogênese (do grego: Oros=montanha; Genus=geração), ocorre em áreas estreitas e longas, onde são formadas as cordilheiras sendo um conjunto de processos geológicos que resultam na formação de uma cadeia de montanhas (orógeno) e relacionado com a tectônica compressional de placas tectônicas. Abaixo uma foto da cordilheira do Himalaia, produto de um processo orogenético.
Epirogênese(do grego Epeiros=continente e Genesis=formação) refere-se ao deslocamento vertical de grandes áreas continentais, sem falhamentos e fraturamentos significativos. Quando este deslocamento é para cima chamamos de soerguimento e para baixo subsidência.

http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20061005145233AAVJU9a

Introdução ao processo de formação do relevo

Já vimos nas aulas anteriores os processos que formaram a terra, os movimentos do nosso planeta e suas conseqüências e mais recentemente que a relação entre forças endógenas e exógenas(processos internos e externos) são responsáveis diretas pela formação do relevo.

Nas próximas postagens vamos relembrar estes assuntos mais detalhadamente.

Começamos então recapitulando que durante esse processo de formação do relevo podem surgir fa­lhas tectônicas, que se originam tanto nos processos de soerguimento como nos de dobramento da borda dos continentes ( clique aqui para assistir os videos). Nas áreas mais frágeis, pode surgir o vulcanismo, quando ocorrem intrusões magmáticas que atingem a superfície da litosfera lançando lavas in­candescentes, blocos de rochas, gases e cinzas.

A litosfera é formada por grupos de rochas que ofe­recem diferentes níveis de resistência aos processos erosivos. Esse é um fator determinante para a forma­ção do relevo, pois age em sua estruturação e esculturação.






Os tipos de rochas



As rochas são agregados minerais com diferentes densidades e texturas, sendo divididas em três gran­des grupos:

• as magmáticas ou ígneas, que resultam da soli­dificação do magma. São, portanto, consideradas ro­chas primárias. Algumas dessas rochas se solidificam antes de chegarem à superfície: são as rochas mag­máticas intrusivas (como o granito e o diabásio).Quan­do atingem a superfície, elas oferecem grande resis­tência aos processos erosivos, servindo de sustentá-culo de formas de relevo. No Brasil, encontramos es­ses "maciços" em Poços de Caldas no estado de Minas Gerais; na ilha de São Sebastião, no estado de São Pau­lo; ou ainda, em Itatiaia no estado do Rio de Janeiro.

As rochas magmáticas que se solidificam no exteri­or da superfície (como o basalto), apresentam resfria­mento relativamente rápido.Como o derramamento de magma é intermitente, vão se formando camadas de estratificação. Essas rochas vulcânicas apresentam me­nor resistência aos desgastes erosivos. No Brasil, principalmente na porção centro-sul do território, a decom­posição dessas rochas formou o solo mais fértil do país, a terra roxa.

• as rochas sedimentares são consideradas secun­dárias por se originarem de outras rochas, por isso ocu­pam extensas áreas da superfície terrestre. São geradas por detritos inorgânicos e orgânicos de idades geoló­gicas diferentes. A decomposição desses detritos for­ma as bacias sedimentares, que apresentam em suas
bordas camadas inclinadas horizontalmente, como as cuestas e os morros com topos planos e vertentes es-carpadas.

as rochas metamórficas representam o processo de transformações físicas e químicas de outras rochas, tanto sedimentares como magmáticas. As alterações decorrem das elevadas pressões e temperaturas do di­namismo da litosfera. Nas aglomerações de rochas me­tamórficas com baixa resistência, ocorrem as falhas e fraturas geológicas. Nesses locais,os vales, morros e ser­ras tendem a ficar alinhados nas direções impostas pela acomodação das rochas.

As alterações das rochas fazem parte dos processos exógenos e suas transformações químicas e físicas, de­nominam-se intemperismo. O calor solar, a ação físico-química da água em seus estados líquido,físico e gaso-so e as alterações de temperatura são fenômenos res­ponsáveis pelo intemperismo. Assim,as chuvas, os rios, a umidade,as geleiras agem na esculturação do relevo.

Essas transformações, que ocorrem em tempo geo­lógico, originam as erosões. O material erodido é esco­ado superficialmente pelas águas dos rios, ou por rola­mentos ou, ainda, por saltação. Nesse intenso jogo ge­ológico, vão se formando grandes compartimentos ou unidades do relevo.

28 julho, 2007

O ciclo das rochas

clique na imagem para vê-la ampliada

O ciclo das rochas é o resultado das interações de dois dentre os três sistemas fundamentais da Terra: o sistema da tectônica de placas e o sistema do clima. Controlados pelas interações desses dois sistemas, materiais e energia são trocados entre o interior da Terra, a superfície terrestre, os oceanos e a atmosfera. Por exemplo, a fusão de placas litosféricas em subducção e a formação de magma resultam de processos operantes dentro do sistema da tectônica de placas. Quando essas rochas fundidas extravasam, matéria e energia são transferidas para a superfície terrestre onde o material (as rochas recém-formadas) é submetido ao intemperismo pelo sistema do clima. O mesmo proces­se injeta cinza vulcânica e o gás dióxido de carbono nas porções superiores da atmosfera, onde eles podem afetar todo o clima do planeta. À medida que muda o clima global, talvez ficando mais quente ou mais frio, também muda a taxa de intemperismo da rocha, o que, por sua vez, influencia a taxa com que que o material (sedimento) retorna para o interior da Terra.

A idéia da Terra como um sistema ainda não havia sido proposta quando o escocês James Hutton descreveu o ciclo das rochas em uma apresentação oral em 1785, na Sociedade Real de Edinnburgo. Dez anos depois, ele apresentou o ciclo em maior detalhe em seu livro Teoria da Terra, com provas e ilustrações.

Como geralmente acontece na história da ciência, outros cientistas tanto da Inglaterra como do continente europeu também reconheceram os elementos da natureza cíclica da mudança geológica. O papel de Hutton foi o de sintetizar isso: ele apresentou o grande cenário que nos possibilitou entender o processo.

Daremos atenção aqui a um ciclo em particular, reconhe­cendo que esses ciclos variam com o tempo e com o lugar.

Começaremos com um magma na profundeza da Terra, onde as temperaturas e as pressões são altas o suficiente para fun­dir qualquer tipo de rocha: ígnea, metamórfica ou sedimentar (Ciclo das rochas I). Hutton chamou a fusão das rochas na profundeza da crosta de episódio plutônico, em referência a Plutão, o deus romano do mundo subterrâneo. Agora, refe­rimos todas as intrusões ígneas como rochas plutônicas, en­quanto as extrusivas são conhecidas como rochas vulcâni­cas. Quando uma rocha pré-existente se funde, todos os seus componentes minerais são destruídos e seus elementos quí­micos são homogeneizados, resultando em um líquido aque­cido. À medida que o magma esfria, cristais de novos mine­rais crescem e formam novas rochas ígneas. A fusão e a for­mação de rochas ígneas ocorrem preferencialmente ao longo das bordas colisionais ou divergentes das placas tectônicas, bem como em plumas mantélicas.

O ciclo começa com a subducção ( lembre-se da formação da cordilheira dos andes) de uma placa oceânica em uma placa continental. As rochas ígneas que se formam nas bordas onde as placas colidem, juntamente com as rochas sedimentares e metamórficas associadas, são então soerguidas para formar uma cadeia de montanhas à medida que uma secção de crosta terrestre dobra-se e deforma-se. Os geólogos chamam esse processo, o qual inicia com a colisão de placas e finaliza com a formação de montanhas, de orogenia. Após o soerguimento, as rochas da crosta que recobrem as rochas ígneas soer­guidas são vagarosamente meteorizadas. O intemperismo cria um material desagregado, que, então, a erosão espalha para lon­ge, expondo a rocha ígnea à superfície.

As rochas ígneas assim expostas sofrem intemperismo e mudanças químicas ocorrem em alguns minerais. Os minerais de ferro, por exemplo, podem "enferrujar"( como na praia da ferrugem em Garopaba - SC) para formar óxidos. Os minerais de alta temperatura, como os feldspatos, podem tornar-se minerais argilosos de baixa temperatura. Os minerais, como o piroxênio, podem dissolver-se completamente à medi­da que as chuvas caem sobre eles. O intemperismo das rochas ígneas produz novamente vários tamanhos e tipos de detritos de rochas e material dissolvido, que são carregados pela erosão. Alguns desses materiais são transportados no terreno pela água e pelo vento. Muitos dos detritos são transportados pelos córre­gos para os rios e, por fim, para o oceano. No oceano, os detri­tos são depositados como camadas de areia, silte e outros sedi­mentos formados a partir de material dissolvido, tal como o carbonato de cálcio das conchas.

Os sedimentos depositados no mar, assim como aqueles de­positados no continente pela água e pelo vento, são soterrados por sucessivas camadas de sedimentos, onde litificam vagarosamente para formar as rochas sedimentares. O soterramento é acompanhado de subsidência - uma depressão ou afundamento da crosta terrestre. Enquanto a subsidência continua, camadas adicionais de sedimentos vão sendo acumuladas.

Em alguns casos - por exemplo, ao longo das margens ativas das placas tectônicas, a subducção força as rochas sedimentares a descerem progressivamente a maiores profundidades. À medida que a rocha sedimentar litificada é soterrada a profundidades maiores da crosta, fica mais quente. Quando a profundidade excede a l0 km e as temperaturas ficam maiores que 300°C, os minerais da rocha ainda sólida começam a se transformar em novos minerais, os quais são mais estáveis nas altas temperaturas e pressões das partes mais profundas da crosta. O processo que transforma as rochas sedimentares em rochas rnetamórficas é o metamorfismo. Com mais calor, as rochas podem fundir-se e formar um novo magma, a partir do qual as rochas ígneas irão cristalizar, recomeçando o ciclo.

Como visto anteriormente, essa série de processos é apenas uma variação entre muitas que podem ocorrer no ciclo das rochas. Qualquer rocha - metamórfica, sedimentar ou ígnea pode ser soerguida durante uma orogênese e meteorizada e erodida para formar novos sedimentos. Certos estágios podem ser omitidos, por exemplo: quando uma rocha sedimentar é soerguida e paulatinamente erodida, o metamorfismo e a fusão não acontecem. Os estágios podem, também, estar fora de seqüência, como no caso de uma rocha ígnea formada no interior que é metamorfizada depois de ser soerguida. Também, como sabemos das sondagens profundas, certas rochas ígneas, localizadas a muitos quilômetros de profundidade na crosta, podem nunca ser soerguidas ou expostas ao intemperismo e à erosão.

O ciclo das rochas nunca tem fim. Está sempre operando em diferentes estágios em várias partes do mundo, formando e erodindo montanhas em um lugar e depositando e soterrando sedimentos em outro. As rochas que compõem a Terra sólida são recicladas continuamente, mas só podemos ver as partes do ciclo que ocorrem na superfície e, portanto, devemos deduzir a reciclagem da crosta profunda e do manto por evidências indiretas.

Um processo que os geólogos não percebiam no tempo de Hutton é o intemperismo do fundo oceânico ou o metassomatismo, o qual foi reconhecido apenas após a descoberta da tectônica de placas. Os processos envolvem mudanças químicas entre a água do mar e o fundo submarino nas cadeias mesoceânicas. Esse processo suplementa de forma significativa o retorno de elementos importantes para o interior da Terra, que é causado pelo intemperismo comum de superfície. Se o metassomatismo do fundo submarino não ocorresse, as composições químicas do oceano e da atmosfera seriam bem diferentes.


Unidades do Relevo Brasileiro (parte1)

Na década de 1940, os pioneiros estudos e divisões geomorfológicas do Brasil foram desenvolvidos por Aroldo de Azevedo. Sua divisão recebeu alterações do geógrafo Aziz Ab'Saber,seu aluno. Segundo o geógrafo Jurandyr Ross, hoje, após estudos desenvolvidos durante os anos de 1970 e 1985 e publicados na década de 1990, 0 relevo brasileiro apresenta três tipos de unidades geomorfológicas, que refletem suas gêneses: os planaltos, as planícies e as depressõesOs compartimentos mais significativos do relevo brasileiro se originaram ao longo da era Cenozóica, quando houve o soerguimento da plataforma sul-americana e, conseqüentemente, processos erosivos marcantes nas bordas das bacias sedimentares. Observe no mapa ao lado ou clique na imagem para vê-la ampliada, as unidades do relevo brasileiro:

A - As unidades dos planaltos brasileiros
É comum ouvirmos que o planalto é um lugar plano e alto. Não é bem assim, na realidade os estudos mais recentes indicam que o planalto é um compartimento de relevo que possui superfície irregular a uma altitude superior a 300 metros, onde os processos erosivos são predominantes, e não os de sedimentação. Como ilustrado no mapa 1, vemos que no Brasil os planaltos são divididos em quatro grupos.
Os planaltos em bacias sedimentares se caracterizam por terem quase toda extensão circundada por depressões periféricas. Nessas zonas de contato entre os planaltos e as depressões, ocorrem os relevos escarpados denominados cuestas.Esses planaltos localizam-se em três áreas:
O Planalto da Amazônia oriental (localizado com o número 1 no mapa) acompanha o curso médio do Rio Amazonas até sua foz, não apresentando elevadas altitudes. Em seu limite norte, as altitudes estão em torno de 400m, enquanto ao sul chegam a ultrapassar os 300m. Observe o perfil topográfico1 da região na figura 2 abaixo:Os planaltos e chapadas da Bacia do Parnaíba (2) têm seu limite norte nivelado com as áreas baixas da bacia Amazônica e apresentam degraus e terrenos cristalinos, como o Planalto da Borborema. Essas unidades planál-ticas ocupam as duas margens do rio Parnaíba e estendem-se desde o'centro-oeste do país até as proximidades do litoral do Pará e do Piauí. Em seus terrenos ocorrem os morros com topos planos,tabulares,as famosas chapadas.Como veremos na aula de climas do Brasil,a intensidade da seca no nordeste brasileiro está diretamente relacionada com a Amazônia. Observe o perfil topográfico da região na figura 3 abaixo:

As massas de ar formadas na Amazônia são bastante úmidas e se deslocam em sentido do Nordeste. Os meses em que mais chove na Amazônia são os do final e do início de ano,quando ocorrem as mais densas formações de massas de ar.Se essas massas ultrapassarem o Planalto da Borborema, é sinal de chuva no sertão nordestino. Se isso não ocorrer em janeiro, espera-se um longo período de seca durante todo o ano na região.
Ocupando grande parte do centro-sul do país, os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná apresentam vasta área formada por rochas vulcânicas, que resultam na formação dos solos de terra roxa. Desde o Rio Grande do Sul até o estado de Goiás, notamos a presença das áreas com grande potencial agrícola. Esses planaltos acompanham os afluentes do rio Paraná e chegam a atingir cerca de 1000 metros de altitude. Destaca-se, no Mato Grosso, a Chapada dos Guimarães(foto abaixo à direita).















mapa do relevo brasileiro